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SÍNDROME DISPÉPSIA

O QUE É DISPEPSIA?

Um problema atual comum e universal, caracterizado por sintomas relacionados ao aparelho digestório alto. É manifestação de diferentes doenças, mas principalmente das doenças pépticas, ou seja, das doenças determinadas pela disfunção cloridropéptica: a doença de refluxo gastro-esofágico (DRGE), a úlcera péptica gastroduodenal e a dispepsia funcional.

 

 

SINTOMAS

Os sintomas que a caracterizam são sempre sintomas relacionados ao aparelho digestório alto: mais pertinentes como a dor epigástrica e o desconforto pós-prandial; mais sugestivos de doenças do esôfago: como a pirose retroesternal, a azia, a regurgitação, a disfagia e a odinofagia; inespecíficos como a eructação excessiva e a aerofagia; ou ainda os de base fi siopatológica mais ampla como as náuseas e os vômitos33. O consenso de Roma III6 , direcionado para as doenças funcionais do aparelho digestório sugere que, para o diagnóstico de dispepsia, sejam considerados como sintomas de dispepsia apenas a dor epigástrica: sensação subjetiva e desagradável que os pacientes sentem quando está havendo lesão tecidual, restrita a região do epigástrio, a pirose epigástrica: sensação desagradável de queimação limitada à região do epigástrio, a plenitude pósprandial: sensação desagradável que a comida permanece prolongadamente no estômago; e a saciedade precoce: sensação que o estômago fi ca cheio logo depois de iniciar a comer, desproporcional ao volume ingerido, tanto que não se consegue terminar a refeição. Estes sintomas poderiam ter um signifi cado fi siopatológico mais específi co para dispepsia, enquanto os demais estariam defi nindo outras síndromes. O consenso propõe ainda diferentes tipos de dispepsia: a dispepsia funcional, em que os sintomas não estão relacionados a doenças de base orgânica e os achados de endoscopia são normais ou menores (gastrite); a dispepsia orgânica, em que os sintomas dispépticos estão relacionados a uma doença orgânica, como a úlcera péptica; e a dispepsia não diagnosticada, quando os sintomas dispépticos ainda não foram investigados e para a qual o consenso propõe apenas algumas regras gerais de abordagem

 

Os sintomas de náuseas e vômitos são comuns, com um extenso diagnóstico diferencial e com fi siopatologia não necessariamente afeito a um sintoma dispéptico do tipo dismotilidade gástrica e, por isso mesmo, quando não associados uma doença orgânica defi nida, devem ser considerados num grupo fi siopatológico diferente da dispepsia: Distúrbios de Náusea e Vômitos Funcionais.

 

Apesar da dor abdominal na dispepsia ser uma dor do tipo visceral, portanto sem uma relação direta com o sitio anatômico afetado, o consenso também propõe que dores localizadas fora do epigástrio não sejam consideradas sintomas dispépticos. Localizadas no andar superior do abdômen, quando no hipocôndrio direito são mais sugestivas de doença biliar, e a investigação vai exigir ultra-sonografi a. Quando no hipocôndrio esquerdo pode estar mais relacionada ao intestino. Sintomas do aparelho digestório alto associados as do aparelho digestório baixo também não devem ser considerados como sintomas de dispepsia, porque a síndrome do intestino irritável se sobrepõe à dispepsia, com fi siopatologia semelhante, existindo mesmo quem considere que ela deva ser chamada de síndrome do aparelho digestório irritável27. O uso de antiinflamatórios e alguns outros medicamentos podem determinar lesões gastrintestinais, mais frequentemente úlceras e erosões, principalmente de características agudas. Podem ser acompanhadas de sangramento digestivo e caracterizam uma doença orgânica bem defi nida: lesões gastrintestinais por medicamentos e assim não devem ser abordadas, em princípio, como quadros de dispepsia.

 

O Helicobacter pylori na dispepsia

O Helicobacter Pylori (H. pylori) é uma bactéria espiralada, fl agelada, gram-negativa, microaerófi la, que consegue infectar o estômago e sobreviver no ambiente ácido graças a sua capacidade de produção de urease e de alcalinização do seu microambiente. Tem alta prevalência no mundo todo, com taxas mais altas nos países desenvolvidos, quando comparado com os em desenvolvimento3 . No nosso meio esta taxa é de 65% da população34. A contaminação ocorre principalmente na infância e difi cilmente ocorre eliminação espontânea da bactéria, o que determina uma infecção crônica em todos os infectados. A maioria das pessoas é assintomática, mas uma pequena parte da população pode desenvolver úlcera péptica, linfoma tipo MALT e câncer gástrico. A erradicação da bactéria previne a recidiva da úlcera, pode curar o linfoma gástrico MALT de pequeno grau e prevenir o câncer gástrico. Apenas uma parte dos pacientes que apresentam dispepsia funcional e são portadores da bactéria apresentam remissão dos sintomas quando tratados da infecção. Assim, é possível que os sintomas dispépticos em pacientes com gastrite pelo H. pylori não se correlacionem com a infecção.

 

O câncer gástrico na dispepsia

O câncer não é uma doença péptica, mas por se situar no estômago pode determinar sintomas dispépticos. Via de regra, o câncer gástrico, quando apresenta sintomas dispépticos, se apresenta numa forma avançada e dificilmente nesta fase pode apresentar possibilidade de cura28. Porém, dada a gravidade da doença, a demora em seu diagnóstico, quando de sintomas dispépticos, é um fator de desconforto para o médico, para o paciente e seus familiares. Assim é um motivo de discussão especial a abordagem de pacientes dispépticos idosos e ou com antecedentes familiares da doença13,15. No entanto, mesmo nos países com alta prevalência de câncer gástrico (Japão, Coréia, Portugal, Albânia, etc.), difi cilmente a porcentagem de pacientes com dispepsia não diagnosticada é maior que 5%, quando submetida ao exame endoscópico.

 

CAUSAS

Digestivas pépticas

  • Dispepsia funcional;

  • Doença de repuxo gastro-esfágico; úlcera péptica.

 

Digestivas não pépticas

  • Gastropatias específicas: tubesculose, citomegalovirose, sarcoidose, doença de Crohn;

  • Neoplasias: Gaástrica, Pancreática, de Cólon;

  • Síndrome de má absorção: doença celíaca;

  • Colelitíase.

 

Não digestivas

  • Doenças metabólicas: Diabete melito, Doenças da tiróide, Hiperparatiroidismo, Distúrbios eletrolíticos;

  • Doença coronariana;

  • Colagenoses;

  • Medicamentos: Antinflamatórios não esteroidais, Antibióticos, Xantinas, Alendronato;

  • Doenças psiquiátricas: Ansiedade, Depressão, Pânico, Distúrbios alimentares.

 

ABORDAGEM

A dispepsia pode ser abordada de formas diferentes. A rigor, características da população, prevalência da infecção pelo H. pylori, prevalência do câncer gástrico, custos e disponibilidade da endoscopia digestiva alta devem ser adequadamente estudados para cada região. Também os métodos diagnósticos não invasivos para a bactéria e outros fatores (inclusive também a vontade do paciente) devem ser levados em conta na adoção de uma estratégia específica. Na prática, três estratégias são mais comumente utilizadas: Endoscopia de início, identificação da infecção pelo H. pylori e sua erradicação (estratégia “teste e trate”) e tratamento empírico inicial.

 

Deve-se evitar o consumo de alimentos que piorem os sintomas.

 

O tabaco aumenta a chance de célula neoplásica e piora a cicatrização.Tratamentos específicos serão considerados para as diferentes causas de acordo com a indicação médica.

 

 

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